Assim como dar gorjeta, contribuir para a caixinha é um costume, não uma obrigação
Todo mundo espera ser bem servido durante todo o ano. Quando dezembro se aproxima, porém, são os prestadores de serviço que esperam uma recompensa: a famosa caixinha de Natal. “Muitas profissões têm um salário que deixa a desejar e, no fim do ano, esses profissionais ficam com orçamento apertado para comprar um presente ou fazer uma pequena ceia. A caixinha vem para dar uma força", diz a consultora de etiqueta Lígia Marques.
Assim como dar gorjeta, contribuir para a caixinha é um costume, não uma obrigação. É um jeito de estimular a confraternização e, de certa forma, distribuir o que foi ganho ao longo do ano com quem o ajudou no dia a dia. “E, no final das contas, faz muita diferença para quem recebe”, afirma Lígia.
O consultor de etiqueta Fábio Arruda, autor de “Sempre, Às Vezes, Nunca” (Editora Arx), indica: quem executou serviços o ano inteiro, mesmo sem ser visto, merece caixinha. Assim, entram na lista porteiros, garagistas, manicures, garis, carteiros, faxineiros, manobristas e entregadores. Se a caixinha não existir fisicamente, a consultora Lígia Marques recomenda que o dinheiro seja entregue dentro de um cartão de Natal, em um envelope. Cheques, em geral, não são convenientes, mesmo que representem uma quantia maior.
Para saber a quantia certa para cada pessoa, é preciso considerar a proximidade e a importância dela em seu cotidiano. “O valor vai depender muito das posses de cada um”, lembra Lígia Marques. A especialista sugere que a gorjeta para a caixinha varie entre R$ 20 e R$ 50, considerando a escala de proximidade. Se o trabalhador presta serviços diários e que facilitam o cotidiano, como manobristas, é possível ultrapassar esse valor dando o equivalente a 10% do salário dele. “Acima disso, fica a critério de quem quiser e puder dar mais. Como geralmente são muitas as pessoas a serem gratificadas, esse valor pode pesar no final”, diz ela. Uma lista de nomes a serem presenteados ajuda a calcular exatamente o valor que será possível dar.
Os especialistas reforçam a importância de se programar para poder oferecer essa gentileza. Se o dinheiro está curto, não se baseie em regras: ofereça o que cabe no seu orçamento. Se o valor a ser dado é muito baixo, uma lembrancinha simples em um papel de presente pode ser mais delicada do que uma nota de R$ 5 ou R$ 10. “O importante não é o valor, mas mostrar que você lembrou da pessoa”, diz o consultor Fábio Arruda.
Para pessoas mais próximas, com as quais o convívio é mais frequente, como a empregada, a babá ou a diarista, uma lembrança escolhida a dedo faz com que o presenteado se sinta agraciado. “Em geral, empregados domésticos já recebem o 13º salário e, por isso, não necessitam de gratificações em dinheiro –a menos que a pessoa queira”, diz a consultora de etiqueta Ligia Marques. “Vale, nesses casos, um presentinho”. Se for um empregado da casa, com o qual a família tem contato diário, você pode investir em um produto para a ceia, como o champanhe ou uma carne, e acrescentar um presente para uso dele. Pode ser uma camisa, um brinco ou um perfume. Investigar o que o funcionário precisa -ou deseja muito ganhar- também é uma estratégia para agradar, e, se for um pedido dele, a lembrança pode ser revertida em dinheiro.
. VÁ AO PRESENTE
Há casos nos quais a caixinha não resolve. “Existem profissionais para quem seria estranho dar caixinha”, aponta o consultor de etiqueta Fábio Arruda. É o caso, diz ele, do médico que acompanhou o paciente ao longo de meses, da professora do filho pequeno ou do cabeleireiro que já se tornou amigo. Nesses casos, ele sugere que a caixinha se transforme em uma lembrança ou pequeno presente. “Mas não é porque um médico cobra R$ 500 pela consulta que o presente de fim de ano terá que ser caro”, afirma o consultor.
. PARA NÃO ERRAR
Fábio Arruda recomenda que se lance mão dos símbolos da época, como panetones, vinho ou espumante ou uma cesta de Natal. Como é possível encontrar esses produtos com uma grande variedade de preços –inclusive por menos de R$ 10–, eles podem se tornar lembrancinhas, lembranças ou presentões, sem explicitar o valor. “Agendas também costumam agradar", diz Lígia Marques. Os presentes só não são bem-vindos para garis, entregadores ou carteiros, pois eles terão dificuldades de carregá-los enquanto trabalham.
. NO CONDOMINIO
Quando o assunto é o condomínio, é preciso estar atento às regras do edifício ou ao acordo entre os moradores. Muitas vezes, a caixinha se transforma em uma lista na portaria, onde o morador pode registrar seu presente em dinheiro, que depois é dividido entre todos funcionários. Nesse caso, vale perguntar ao síndico qual o valor médio recomendado. “A caixinha pode ser coletiva, um valor para todos. Mas, nesse caso, avise-os sobre a forma com que fez a gratificação”, indica Lígia Marques.
Outros prédios podem fazer uma espécie de “vaquinha” entre os moradores e presentear os funcionários com um produto específico para cada um. Mais uma vez, lembre-se de que o ato não é obrigatório e não deve ter como objetivo constranger quem presenteia. Se o condomínio deixar cada apartamento responsável pela lembrança, fique atento: é mais delicado é presentear todos os funcionários com o mesmo valor ou presente.